Big Techs e Trump: O Impacto da Tecnologia na Política Americana
Paulo Pontes | 07/02/2025
As Big Techs, como Google, Facebook (Meta), Amazon, Apple, Microsoft e agora Tesla e X (antigo Twitter), têm desempenhado um papel cada vez mais influente na política dos Estados Unidos. Durante o governo de Donald Trump, essa relação passou por altos e baixos, com momentos de aproximação e confrontos. Recentemente, Trump assumiu seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2025 e tem fortalecido laços com figuras importantes do setor, como Elon Musk e Mark Zuckerberg, levantando questões sobre liberdade de expressão, monopólio e uso de inteligência artificial. Neste artigo, exploramos como as Big Techs se relacionaram com Trump, o impacto da tecnologia no governo e o futuro da regulação no setor.
Como as Big Techs se Aproximaram de Trump
Inicialmente, a relação entre as Big Techs e Donald Trump foi tensa, principalmente devido à sua postura crítica em relação às empresas de tecnologia. Entretanto, houve momentos de colaboração, especialmente no setor econômico e de inovação. Durante seu mandato, Trump promoveu reduções de impostos corporativos e políticas desreguladoras que beneficiaram grandes empresas de tecnologia.
Nos últimos meses, Elon Musk, CEO da Tesla e dono do X (antigo Twitter), tem demonstrado maior proximidade com Trump e outros conservadores, defendendo a liberdade de expressão e criticando medidas regulatórias excessivas. Além disso, Mark Zuckerberg tem adotado uma abordagem mais conciliadora com Trump, evidenciada por uma reunião entre os dois no resort Mar-a-Lago em novembro de 2024. Zuckerberg também anunciou mudanças na política de moderação da Meta, aproximando-se do modelo adotado por Musk no X.
Além disso, líderes do Vale do Silício, como Tim Cook (Apple) e Sundar Pichai (Google), também estão adotando uma postura mais pragmática em relação ao governo Trump. Essa mudança é motivada por fatores financeiros, políticos e estratégicos, especialmente diante de multas significativas na União Europeia, que já somam €23 bilhões, e da necessidade de apoio governamental para enfrentar concorrentes globais.
Com o início do novo mandato de Trump, Elon Musk foi nomeado para liderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), com o objetivo de modernizar e otimizar as operações do governo federal.
Relação com a Industria de Tecnologia
Reforma Tributária de 2017: Beneficiou diretamente empresas como Apple e Google, permitindo a repatriação de trilhões de dólares estacionados no exterior.
Discussões sobre Censura e Fake News: Trump frequentemente acusou as Big Techs de viés contra conservadores e ameaçou mudar legislações como a Seção 230 do Communications Decency Act, que protege plataformas online de responsabilidade sobre conteúdo de usuários.
Parcerias no Setor de Inteligência Artificial: Empresas como Amazon e Microsoft trabalharam com o governo em iniciativas relacionadas à IA, incluindo segurança nacional e automação.
Aproximação de Elon Musk e Mark Zuckerberg: Musk tem defendido políticas de livre mercado e menor regulação para a tecnologia, enquanto Zuckerberg busca uma relação mais próxima com Trump, evidenciada por mudanças na política de moderação do Facebook e Instagram.
Nova postura das Big Techs: Mark Zuckerberg anunciou que a Meta está encerrando seu programa de verificação de fatos, retornando a um modelo mais aberto no gerenciamento de discursos. Ele afirmou que o sistema anterior havia levado a “muita censura”. Essa decisão gerou reações, incluindo uma notificação extrajudicial da Advocacia-Geral da União no Brasil, solicitando explicações sobre a mudança de política.
A relação das Big Techs com o Governo dos EUA
Historicamente, as Big Techs mantêm relações próximas com governos democratas e republicanos. No entanto, o governo Trump foi marcado por uma relação conturbada, com acusações de censura, preocupações com privacidade e monopólio, e pressões por regulações mais rigorosas.
Ameaças de Regulação e investigação Antitruste
Durante a administração Trump, o Departamento de Justiça e a Comissão Federal de Comércio (FTC) iniciaram investigações antitruste contra Google, Facebook, Amazon e Apple. O objetivo era analisar práticas monopolistas e possíveis abusos de poder econômico.
- Google: Acusado de monopolizar a pesquisa online e a publicidade digital.
- Facebook: Investigado por suas aquisições de empresas como Instagram e WhatsApp para reduzir a concorrência.
- Amazon: Acusado de práticas desleais no marketplace, prejudicando pequenos vendedores.
- Apple: Enfrentou críticas por suas regras na App Store e comissões sobre aplicativos.
- Twitter/X: Sob nova administração de Elon Musk, enfrenta desafios regulatórios e resistência política por mudanças na moderação de conteúdo.
Além disso, em 2025, a Meta concordou em pagar US$ 25 milhões para encerrar um processo movido por Trump em 2021, após a suspensão de suas contas na plataforma. O acordo incluiu o financiamento da biblioteca presidencial de Trump, sinalizando uma tentativa de aproximação entre Zuckerberg e o ex-presidente.
Regulação das Gigantes da Tecnologia nos EUA
A regulação das Big Techs é um dos temas mais discutidos na política americana. Durante o governo Trump, houve várias tentativas de legislar sobre o setor, mas sem grandes avanços devido à resistência das empresas e do Congresso.
Possíveis Medidas Regulatórias
- Revisão da Seção 230: Permitir que plataformas sejam responsabilizadas pelo conteúdo publicado por usuários.
- Desmembramento de Gigantes da Tecnologia: Propostas para dividir grandes empresas e aumentar a concorrência.
- Maior Transparência nos Algoritmos: Regulamentação para evitar manipulação de conteúdo e viés político.
- Papel de Musk e Zuckerberg na nova era digital: A crescente influência de Elon Musk e Mark Zuckerberg pode moldar a regulação do setor tecnológico.
O Papel da Inteligência Artificial na Política Americana
A Inteligência Artificial (IA) tem impactado profundamente a política americana, desde a segmentação de eleitores até a automação de fake news e desinformação.
Como a IA Influencia a Política?
- Microtargeting de Eleitores: Uso de algoritmos para personalizar campanhas políticas.
- Monitoramento de Opinião Pública: Ferramentas de IA analisam redes sociais para prever tendências eleitorais.
- Combate às Fake News: Empresas utilizam IA para detectar e reduzir a disseminação de desinformação.
- Cibersegurança: Governo e setor privado empregam IA para detectar ameaças digitais e proteger eleições.
Além disso, Musk tem enfatizado a necessidade de desenvolver IA responsável, alertando para riscos de controle centralizado por poucas empresas, enquanto Zuckerberg defende um modelo de IA mais integrado às plataformas sociais.
Donald Trump e Tecnologia: Qual o Futuro?
Com Trump assumindo novamente a presidência, o debate sobre tecnologia e regulação das Big Techs deve ganhar ainda mais força. As empresas de tecnologia continuarão sob pressão, seja por questões de liberdade de expressão ou pelo crescimento de novas ferramentas baseadas em IA.
Trump reforçou sua crítica às Big Techs, impulsionando mudanças na Seção 230 e aumentando a pressão por regulações mais severas, afetando significativamente o mercado de tecnologia e a forma como plataformas sociais operam. A nomeação de Elon Musk para o Departamento de Eficiência Governamental e a aproximação de Zuckerberg sinalizam uma nova fase das relações entre tecnologia e governo.
Conclusão
As Big Techs e a política americana estão cada vez mais interligadas, influenciando decisões governamentais e mudando o panorama eleitoral. A relação entre Trump e as gigantes da tecnologia foi marcada por confrontos, mas também por políticas que beneficiaram o setor. A crescente influência de Elon Musk e Mark Zuckerberg adiciona uma nova dinâmica a esse cenário, tornando o futuro da regulação tecnológica ainda mais incerto.
O futuro da regulação dependerá das decisões do governo Trump, especialmente no que se refere à inteligência artificial e à liberdade de expressão nas plataformas digitais. O debate sobre o papel das Big Techs na sociedade continuará sendo um dos mais relevantes da política contemporânea.
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